span.fullpost {display:inline;} LN Informa - Blog do Laboratório Nicolau: O PASSADO E O FUTURO DA PRÓTESE

11 de jun. de 2010

O PASSADO E O FUTURO DA PRÓTESE

28 de fevereiro de 1986. “Brasileiras e brasileiros, .....”. Quando o presidente começou a discursar com seu pesado sotaque maranhense, anunciando o Plano Cruzado, fiquei preocupado. Eu tinha acabado de ministrar uma palestra sobre custos em prótese dentária, em Belo Horizonte. Havia uma televisão na sala ao lado e fomos para lá. Comentei, sem muito medo de errar: “aí vem besteira”. E veio...muita. A maior delas foi o congelamento de preços, que nunca havia dado certo na história econômica da humanidade. Este congelamento pegou 90% dos laboratórios com os preços defasados. Na época tínhamos uma inflação média de 10% ao mês. Considerando-se a taxa acumulada, isto equivale a 77% em 6 meses ou 214% ao ano. Quase todos estavam com uma defasagem em seus preços entre estes dois valores, pois os reajustes, apesar da hiper-inflação, eram semestrais ou anuais.

Há poucos anos no mercado de prótese dentária, minha luta, era tentar convencer os donos de Laboratório a reajustarem seus preços em um período mais curto e pelo menos, utilizando o índice de inflação do período (os custos da prótese subiam muito mais, porém era necessário ter um índice de referência). Dei palestras em todo o país, falando de custos, preços, lucro, impostos, inflação, planos econômicos (os governos Sarney e Collor editaram mais 4 planos, um pior do que o outro, levando a inflação a 40% ao mês em 1994).

Felizmente as palestras tiveram uma boa repercussão e creio ter sido vitorioso nesta luta. Com o tempo percebeu-se a necessidade de se ter um bom sistema de cálculo de custos e formação de preços no Laboratório. Hoje, no geral, a situação econômica dos TPDs é muito melhor do que nos anos 80.

Com o plano Real, em 1994, e o fim da inflação, veio a era da tecnologia. A Odontologia com preocupações estéticas, as próteses adesivas, os sistemas metal-free, as próteses sobre implantes, até então privilégio de poucos, se tornaram itens obrigatórios nos consultórios e laboratórios. Logo depois, vieram os processos CAD/CAM, que tem evoluído cada vez mais, e a odontologia minimamente invasiva. Percebeu-se, também, que uma boa organização administrativa e financeira é fundamental para a sobrevivência de um Laboratório.

Devemos ficar atentos ao avanço da tecnologia, pois certamente haverá processos, num futuro breve, que prescindirão do TPD. Porém, quem se atualiza tecnicamente não tem o que temer. Além disso, considerando-se o mercado brasileiro, há ainda muito espaço para as próteses convencionais.

A tão falada “nova classe C”, que veio com a consolidação da estabilidade econômica no país, mais de 26 milhões de pessoas no mercado consumidor, com renda familiar entre RS 1400,00 e RS 3500,00 (dados IBGE) e o interesse do governo com a saúde bucal, vai dar o alento que faltava ao setor.

Também, não podemos esquecer que governo tem cada vez mais ferramentas para controlar o pagamento de impostos. Por exemplo, a partir deste ano, todos os Laboratórios e TPDs autônomos tem que enviar anualmente o Dmed, com informações sobre todos os pagamentos recebidos dos CDs e TPDS, mês a mês, por CPF e CNPJ. Portanto, não há mais espaço para Laboratórios contabilmente desorganizados ou de “fundo de quintal”.

Por outro lado, nos preocupa , e muito, os empresários que estão banalizando o setor e colocando preços abaixo da linha de custos mínima de qualquer Laboratório, por mais enxuto que ele seja. Voltaremos aos anos 80, quando um TPD não tinha dinheiro nem para fazer um curso?




Danilo Barossi Cury

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